Projeto pioneiro usa ciência cidadã para combater a poluição por plástico
Numa iniciativa pioneira, a cidade de Portsmouth, no Reino Unido, está a usar a ciência cidadã para estudar a poluição por plástico com origem em ambiente urbano nos oceanos. Os resultados do projeto Mapping Portsmouth Plastic (MAPP) foram publicados na edição de julho do Marine Pollution Bulletin e mostram como a participação dos cidadãos pode ser determinante para desenhar soluções que ajudem a reduzir a poluição por plástico.
No âmbito do projeto, um grupo de investigadores da iniciativa Revolution Plastics da Universidade de Portsmouth contou com a ajuda de voluntários e empresas locais para mapear a poluição por plástico na cidade recorrendo a uma aplicação móvel, a Jetsam. Depois de descarregada e instalada a app, os participantes só tinham de tirar fotografias aos resíduos de plástico que iam encontrando no seu dia-a-dia e submetê-las através da aplicação.
Ao todo, para o MAPP, foram realizados cinco inquéritos de mapeamento, dos quais resultaram 3760 fotografias. Com estes dados gerados pelo envolvimento dos cidadãos na atividade, a equipa de investigação conseguiu identificar hotspots, ou seja, locais onde a poluição plástica se estava a acumular, e ainda os diferentes tipos de plásticos encontrados na cidade. Além deste retrato, foi ainda possível apurar padrões e fluxos de movimentos da poluição causada por estes resíduos.
A ciência cidadã como instrumento para encontrar soluções
Apesar de a ciência cidadã ser frequentemente usada para iniciativas de investigação e de envolvimento, como a limpeza de praias ou de outras áreas, são ainda poucos os estudos que a utilizam para avaliar a poluição por plástico à escala urbana, concluíram os investigadores.
Segundo a mesma fonte, graças ao projeto, Portsmouth é a primeira cidade no mundo a usar a ciência cidadã para mapear o problema, com vista a encontrar soluções para a sua redução em ambiente urbano.
“A app ajudou a criar uma base de evidência para soluções que reduzam a entrada de plástico no mar e no ambiente no geral”, afirmou o diretor da Revolution Plastics, Steve Fletcher. “Quanto mais pessoas usarem a app, mais os investigadores vão compreender os fluxos de plástico na cidade e, em última instância, mais trabalharão para combater os resíduos de plástico na sua origem”, continuou o também docente da universidade britânica.
“Estima-se que, todos os anos, mais de 13 milhões de toneladas de plástico cheguem ao oceano com origem em fontes localizadas em terra. É evidente que cidades como Portsmouth são uma fonte importante de poluição por plástico, que, quando é mal gerida, pode entrar no ambiente aquático”, explicou, por sua vez, Samuel Winton, investigador principal desta iniciativa.
Para levar a cabo este projeto, a equipa da Universidade de Portsmouth contou com o apoio financeiro da Flotilla Foundation e com a parceria da empresa tecnológica local Jetsam Tech, responsável pelo desenvolvimento da app Jetsam. A aplicação pode ser usada por qualquer pessoa que queira contribuir para o mapeamento da poluição plástica na cidade costeira do Sul de Inglaterra.
O estudo científico pode ser lido na íntegra aqui.
Fotografia: © Image by Chaiyan Anuwatmongkolchai from Pixabay