“A mentalidade não se muda por decreto”, afirmou ontem Vasco Morgado, presidente da Junta de Freguesia de St. António, em Lisboa, a propósito do comportamento dos cidadãos relativamente aos resíduos durante a pandemia. Vasco Morgado falava no III Encontro Nacional de Limpeza Urbana, que decorre em Braga até ao dia 1 de julho, no painel dedicado à Pandemia&Limpeza Urbana.
O autarca referiu o aumento de resíduos observado durante a pandemia, bem como o aumento de resíduos não separados e abandonados. Por outro lado, a pandemia obrigou à reeducação das equipas de limpeza urbana. “Tivemos de reinventar a forma como trabalhamos”, sublinhou Vasco Morgado, explicando que tiveram de ser introduzidas novas regras de segurança, de comportamento, de abordagem à população, entre outras.
Luís Lopes, Vereador da Câmara Municipal da Amadora, apontou outra dificuldade: o facto do concelho agregar “111 nacionalidades diferentes”, o que torna a separação dos resíduos ainda mais difícil. “Já estamos a pensar fazer essa comunicação em várias línguas”.
Para o autarca, os resíduos não têm de ser um problema, mas “neste momento são”, apesar do resíduo ser um material com valor. É preciso não esquecer que “É quase um luxo o que fazemos aos nossos cidadãos: recolher 365 dias o lixo. Isso não acontece em muitos países europeus”. O aumento dos resíduos no concelho foi tal que na Amadora foi necessário aumentar o serviço de recolha de monos: já estamos a pensar criar um 3º serviço além do que já existia antes”, resumiu.
Alexandra Nunes, responsável pelo departamento de resíduos na Câmara Municipal do Funchal, salientou que este serviço essencial não pode parar mesmo em tempo de pandemia. “Não há telelimpeza urbana, por isso, tivemos de reorganizar todo o serviço, reagir e ainda ir mais além”. A comunicação com o cidadão foi constante, relativamente às novas disposições e regras de colocação do lixo.
Aquilo que já era evidente tornou-se ainda mais premente com a pandemia, diz Alexandra Nunes: “Otimizar os serviços deve ser a primazia juntamente com a tecnologia, não chega comprar tecnologia”.