Lotação esgotada na primeira visita técnica da Associação Limpeza Urbana

As visitas técnicas da Associação Limpeza Urbana arrancaram na semana passada com mostra de boas práticas no Porto.

© Andreia Merca/ CMP

A Associação Limpeza Urbana – Parceria para Cidades + Inteligentes e Sustentáveis (ALU) organizou, na passada sexta-feira, 19 de abril, a sua primeira visita técnica, que teve o Porto como destino. A Porto Ambiente foi a entidade escolhida para receber cerca de 50 participantes numa sessão de partilha de boas práticas e mostra de novas soluções para a limpeza urbana.

Organizada em parceria com a Porto Ambiente, a iniciativa, que é a primeira de uma série de visitas técnicas que a ALU pretende organizar durante este ano para os seus associados, contou com lotação esgotada. Durante a sessão, foi possível conhecer o trabalho desenvolvido pela Porto Ambiente e ainda assistir a uma demonstração na rua da nova frota para limpeza urbana da empresa municipal.

© Andreia Merca/ CMP

Rui Sá Morais e Lúcia Bonifácio, membros da Direção da ALU, encabeçaram esta ação, na qual estiveram representantes de vários municípios associados, entre os quais Águeda, Amadora, Braga, Cascais, Castelo Branco, Condeixa-a-Nova, Guimarães, Lagos, Mafra, Sintra e Viana do Castelo. Do lado da Porto Ambiente, coube a Luís Assunção, administrador executivo desta entidade, e à sua equipa de diretores – Rui Quintela, Nelson Pinto e Paulo Cruz – a apresentação das medidas implementadas para manter as ruas da Invicta limpas.

As visitas técnicas da ALU pretendem responder a uma exigência antiga dos seus associados e têm como propósito dar a conhecer o trabalho desenvolvido pelos municípios portugueses e promover o debate em torno da atividade de limpeza urbana e do seu impacto na valorização dos territórios e na qualidade de vida das populações. Com isto, pretende-se também acelerar a inovação no setor, convidando os participantes a verem no terreno como os vários municípios abordam os desafios inerentes a manter uma cidade mais limpa. 

“A partilha de boas práticas e a troca de experiências são algo que queremos promover enquanto associação e é também uma vontade dos nossos associados, que há já algum tempo pediam este tipo de iniciativas. Por isso, a ALU decidiu avançar com um conjunto de visitas técnicas que vão decorrer ao longo deste ano e que vão abrir caminho para o nosso grande evento anual, o 6.º Encontro Nacional de Limpeza Urbana, que vai acontecer de 25 a 27 de setembro no Funchal”, avança o presidente da Direção da ALU, Luís Almeida Capão. “Neste arranque das visitas técnicas, não podíamos ter escolhido melhor destino – e a elevada adesão é prova disso mesmo – já que a Porto Ambiente tem feito um trabalho incrível e reforçou recentemente a sua aposta na limpeza urbana.”


“Quatro voltas ao mundo”

Em linha com o Pacto do Porto para o Clima e tendo a neutralidade carbónica como objetivo municipal para 2030, “experimentar sem medo de errar” é uma das máximas que tem orientado a atuação da Porto Ambiente, admitiu o seu administrador executivo, Luís Assunção, na sessão de boas-vindas.

Desde a sua constituição, em 2017, a empresa municipal já percorreu o equivalente a quatro voltas ao mundo (172.385 quilómetros) em varredura e, em fevereiro deste ano, decidiu apostar na renovação da sua frota para limpeza urbana, que conta agora com 12 varredoras elétricas. A intenção foi “investir em equipamentos que dessem fiabilidade”, explicou o diretor de limpeza urbana da Porto Ambiente, Rui Quintela. “Estamos a experimentar [os equipamentos] e [até agora] estão a cumprir”, acrescentou.

Além das varredoras elétricas, que substituíram os equipamentos a diesel, a Porto Ambiente passou também a usar varredoras mecânicas de pequenas dimensões, optando assim por colocar os cantoneiros a conduzir estes equipamentos, o que, apontou o responsável, “foi uma inovação”. O mesmo pode dizer-se da adoção da varredura húmida, abandonando o uso de sopradores - uma decisão, contou Luís Assunção, que resultou de uma visita a um município estrangeiro onde a legislação para as partículas e para o ruído é já “mais exigente”.

Na sua abordagem à limpeza urbana, “otimizar os recursos humanos para os concentrar na qualidade do serviço” é uma das apostas deste associado efetivo da ALU, que está também a elaborar um novo planeamento dos seus serviços.

O destino final dos resíduos de varredura é igualmente um desafio ao qual a Porto Ambiente está a tentar responder. “Ainda não temos solução para este peso pesado, mas estamos a fazer por isso”, admitiu Luís Assunção, avançando que estão a desenvolver parcerias com a Universidade do Porto para a elaboração de estudos e projetos de caracterização destes resíduos.

O uso de água reutilizada (ApR), produzida na ETAR do Freixo pela Águas e Energia do Porto (AEP), para a lavagem de ruas esteve também em destaque nesta visita técnica, com a equipa da Porto Ambiente a explicar como decorreu o processo de licenciamento e quais os desafios atuais deste sistema, em particular no que se refere à proximidade dos pontos de abastecimento dos equipamentos e ao controlo analítico rigoroso e regular a que está sujeito. O assunto, que promove a poupança de recursos hídricos, foi ainda mote para uma campanha de sensibilização que mereceu o destaque dos responsáveis pelo elevado interesse mediático que levantou.


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Aprendizagens

Com uma taxa de reciclagem de 43 %, uma capitação de recolha seletiva de 78 kg/hab.ano e uma deposição em aterro de 0,86 % em 2023, os resultados partilhados por Nelson Pinto, diretor de Operações de Gestão de Resíduos Urbanos, são animadores para a Porto Ambiente, ainda que “as metas sejam demasiado ambiciosas”. A estratégia, explicou, passa por “reorganizar os equipamentos na rua, reduzindo os pontos de deposição mas acrescentando ecopontos e [equipamentos para] resíduos alimentares”.

À semelhança do que acontece um pouco por todo o país, a recolha de biorresíduos é, nesta fase, uma das principais preocupações da empresa municipal, que iniciou este processo em abril de 2021. Atualmente com 630 contentores de proximidade com controlo de acesso, efetua seis circuitos de recolha com duas viaturas que dispõem de lavagem de contentores incorporada. A importância da instalação de pedais nos contentores é uma das aprendizagens alcançadas pela empresa municipal, que decidiu agora introduzir sacos de papel - “Acreditamos que vão aumentar a participação”, disse Luís Assunção, “os biorresíduos são um processo complexo e nenhum está errado”.

© Paulo Cruz, Porto Ambiente

“A Porto Ambiente tem seis anos de vida e já teve a felicidade de superar vários desafios”, começou por dizer Paulo Cruz, diretor financeiro e dos sistemas e tecnologias de informação. Para tal, a forma como a informação flui não só internamente, mas também na sua relação com o munícipe e com outras entidades tem sido fundamental. Este tem também sido um processo de aprendizagem e de desenvolvimento contínuo de soluções de base tecnológica que dotam os colaboradores municipais e os seus equipamentos das ferramentas necessárias para responder aos desafios de uma cidade como o Porto.  


A nova frota para limpeza urbana da Porto Ambiente

[Fonte: Porto Ambiente]

20 máquinas:

  • 7 varredoras elétricas capacidade 4m³

  • 5 varredoras elétricas capacidade 2m³

  • 8 varredoras diesel capacidade 1,5m³

Maior flexibilidade: As varredoras de 1,5 m³ permitem a varredura dos passeios pedonais devido às dimensões e ao facto de serem articuladas.

Maior rapidez: Representam um aumento de rendimento na ordem dos 200% a 300% relativamente aos meios convencionais.

Multifuncionalidade: Estas unidades de varredura têm capacidade de, em menos de 10 minutos, modificar para rapidamente serem convertidas em esfregadoras/lavadoras com aspiração, permitindo uma fácil manutenção.

Possuem, adicionalmente, acessórios tais como um tanque de água, facilmente montado, o que permite a sua conversão em lava ruas com barra frontal, ou pala de remoção de areia, ou terceiro braço para monda mecânica evitando o uso de glifosato.

Fotografias: ©  Andreia Merca/ CMP